Em um trabalho voltado à prevenção de epidemias e surtos da influenza, o Butantan tem apostado no desenvolvimento de novas vacinas para combater a doença. É o caso do imunizante contra a gripe H7N9 que já causou seis epidemias na China e matou 40% dos infectados. Segundo estudo publicado na revista PLOS ONE, a vacina se mostrou altamente segura e imunogênica na fase 1 de ensaios clínicos.
Para o Instituto Butantan, a informação alcançada pela pesquisa serviu como base para orientar os próximos passos em relação à segurança e imunogenicidade da vacina, embora ainda não seja possível avaliar a eficácia do imunizante nas fases 2 e 3. Isso porque não há gripe H7N9 no Brasil. Por hora, sabe-se que a inclusão do adjuvante IB160 na vacina pode dobrar a quantidade de doses produzidas com a mesma quantidade de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), além de potencializar a resposta imune.
Em depoimento à reportagem publicada pelo Butantan, Paulo Lee Ho, gerente de desenvolvimento e inovação de produtos do Instituto, explicou que uma dosagem de apenas 7,5 microgramas de antígeno, em conjunto com o adjuvante, já resulta em uma alta resposta imune. A quantidade, esclarece, é a metade do que é normalmente usado em cada monovalente da vacina sazonal da gripe (15 microgramas), indicando as chances de vacinar o dobro de pessoas.
O H7N9 sozinho induz baixa resposta imune, por isso a necessidade de um adjuvante para desenvolver uma vacina efetiva contra a doença. O adjuvante IB160, presente no imunizante avaliado pelo Butantan, é baseado em uma emulsão de água e esqualeno, um lipídio naturalmente produzido pelo organismo com a função de armazenar energia. O composto foi produzido após uma transferência de tecnologia do adjuvante análogo do IDRI, conhecido produtor de adjuvantes vacinais. No estudo clínico, a formulação do Butantan se mostrou superior à americana, induzindo maior produção de anticorpos (um aumento de 4,7 vezes contra 2,5 vezes).
Conforme aponta Paulo Lee Ho, o adjuvante do Butantan pode ser explorado em futuros estudos para desenvolver vacinas contra outras doenças ou para melhorar a resposta de imunizantes já existentes. “No caso da vacina sazonal trivalente contra influenza, por exemplo, um ovo é usado para produzir uma dose [com três monovalentes]. Se eu usasse o adjuvante IB160, provavelmente conseguiria usar um ovo para duas doses [seis monovalentes], dobrando a quantidade de doses por ovo”, aponta o cientista.