Uma ala da oposição já se arrepende da futura criação da CPMI dos atos de 8 de janeiro e não descarta a possibilidade de desistir da comissão, caso o governo Lula tenha total controle dos trabalhos, com a indicação de um presidente e relator alinhados com o Palácio do Planalto.
Neste caso, avalia um oposicionista, o risco é de a oposição ser “massacrada” durante o funcionamento do colegiado.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, por sinal, teme se transformar no principal alvo da CPMI dos atos de 8 de janeiro e trabalha para que não apenas seu filho na Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), mas também o do Senado, Flávio Bolsonaro (PL-SP), participem como titulares da comissão para defendê-lo no Congresso.
Um oposicionista disse reservadamente ao blog que a CPMI dos atos de 8 de janeiro era mais para assustar e acuar o governo, mas que seu funcionamento, com controle total do Planalto, vira um risco principalmente para o ex-presidente da República.
Essa ala da oposição aposta agora em uma briga entre governistas do Senado e da Câmara pelos principais cargos da CPMI para tentar inviabilizá-la.
O grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer indicar o relator, enquanto o senador Renan Calheiros (MDB-AL), inimigo de Lira, também reivindica o posto. Essa disputa pode, no mínimo, atrasar o início dos trabalhos da CPMI.
Nesta quarta-feira (26), o ex-presidente Bolsonaro depõe na Polícia Federal para esclarecer sobre suas ligações com os atos de 8 de janeiro. Por coincidência, no mesmo dia em que o Congresso pode ler o requerimento de criação da CPMI que vai investigar os atos.
Bolsonaro já tem a linha do seu depoimento pronta, vai alegar que estava fora do Brasil, não era mais presidente e que não tem nenhuma responsabilidade pela invasão dos prédios dos Três Poderes.
Não é mesma opinião do Supremo Tribunal Federal e da PF, que avaliam que o ex-presidente tem responsabilidade pelo que aconteceu em Brasília por ter incitado seus apoiadores a agirem daquela forma.